Fonte: Folha de Londrina | 17/08/18 | Clique aqui para ver a publicação original
O Paraná é o principal produtor de trigo do País e os moinhos locais absorvem tudo o que é colhido, revendendo metade da farinha para outros Estados. O cenário, porém, tem se mostrado desafiador para todos os elos da cadeia, principalmente pela influência surpresa do clima e do mercado internacional. Para debater estratégias para a cultura nos próximos anos, empresários, agricultores, cerealistas, revendedores e representantes de entidades e cooperativas se reúnem nesta sexta-feira (17), em Maringá, no evento Safra de Trigo Paranaense 18/19 – Cenários e Expectativas.
Organizado pelo Sinditrigo (Sindicato da Indústria do Trigo no Estado do Paraná), o ciclo de palestras abordará a situação da colheita 2018/19, ações de melhoria da qualidade do trigo, precisão da safra, impactos do mercado mundial e novas regras de compensação previstas pela Lei 13.670, que trata da reoneração da folha de pagamento. Contudo, a maior preocupação é mesmo com a situação no campo, que vem de quebras por seca e geadas no ciclo anterior e tem atrasos na colheita atual, o que gera redução nos estoques dos moinhos.
O presidente do Sinditrigo, Daniel Kümmel, afirma que ainda existe muita incerteza sobre a safra atual, com notícias que pipocam sobre quebra em várias regiões do Paraná. “Talvez tenhamos de buscar trigo fora e esse não é nosso perfil, porque o grão paranaense é de ótima qualidade”, diz.
Segundo a Previsão e Estimativa de Safras do Deral (Departamento de Economia Rural) da Seab (Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento) do último dia 13, a seca dos últimos meses levou a perdas na condição do trigo em campo. Somente 55% está avaliado como bom, com 26%, médio, e 19% classificados como ruim.
Por outro lado, a colheita atrasada permite que ocorra recuperação da produtividade, já que 53% da safra está na fase de floração ou de desenvolvimento vegetativo no Estado. Outros 34% já estão em frutificação e somente 3%, em maturação, de acordo com o Deral. Mesmo assim, o órgão reduziu a projeção de safra de 3,4 para 3,1 milhões de toneladas.
Completam o cenário a valorização do dólar frente o real e os problemas enfrentados também pelos agricultores argentinos, principais fornecedores no exterior dos moinhos brasileiros. Assim, o preço deve subir. “Nesses últimos anos, a paridade com o mercado internacional tem sido preponderante. O que os moinhos têm feito é ir a campo e fazer contratos diferenciados com os produtores, com prêmios para equilibrar”, diz Kümmel.
O presidente do Sinditrigo aposta nessa relação próxima entre os elos da cadeia para dar estabilidade à atividade, cujo grão é segregado em ao menos cinco classificações, de acordo com a qualidade e com a destinação na indústria.
DESAFIOS TECNOLÓGICOS
Também convidado ao debate, o gerente técnico e econômico da Ocepar (Organização das Cooperativas do Paraná), Flávio Turra, afirma que o associativismo entrou de cabeça no trabalho para fomentar a cultura de trigo. Ele lembra que oito cooperativas já têm moinhos próprios e se somam a outras 24 no recebimento e comercialização do grão, função em que ficam com 75% de tudo o que é produzido no Estado. “Essa entrada fez com que se comprometessem com a triticultura, buscando variedades mais produtivas e de maior qualidade, para aumentar a remuneração do produtor.”
Para Turra, o principal desafio da cadeia passa a ser justamente obter soluções tecnológicas, para ter sementes mais adequadas ao clima da região. “Os principais pontos de estrangulamento hoje são as doenças e pragas, que podem ser resolvidos com genética e biotecnologia”, afirma.
Serviço
A realização é do Sinditrigo, com patrocínio da INTL FCStone, Biotrigo e Martinelli Advogados, além de apoio do Deral, Abitrigo, Faep, Fiep e Ocepar. Outras informações podem ser solicitadas pelo e-mail sindicatodotrigo @ gmail.com ou pelo Whatsapp (41) 99168-9696.
Fábio Galiotto
Reportagem Local
Foto: Marcos Zanutto/13-09-2017