MIGALHAS | ADVOGADAS ENCARAM MACHISMO E DESAFIOS PARA LIDERAR ESCRITÓRIOS

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Públicada em: segunda-feira, março 8, 2021

Fonte: Migalhas | Publicado em 8/3/2021 | Clique aqui e veja a publicação original

Em entrevista ao Migalhas, profissionais disseram que nós ainda vivemos em um modelo, inclusive de trabalho, que é muito pautado pela lógica masculina.

Em pesquisa divulgada no último ano, a Women in Law Mentoring Brasil mostrou que as mulheres advogadas ainda estão longe de ocupar a posição de sócias nos escritórios de advocacia. Dos 3.715 profissionais entrevistados, apenas 34% são causídicas em posição de sócia de capital.

A partir deste cenário, conversamos com sete profissionais, que contaram as dificuldades, desafios e alegrias de ser uma mulher em posição de liderança nos escritórios de advocacia.

Empoderamento

Ana Paula Braga e Marina Ruzzi são fundadoras do Braga & Ruzzi Sociedade de Advogadas, um escritório pioneiro no ramo da advocacia para mulheres e causas que envolvem desigualdade de gênero e direitos LGBT+.

Segundo Marina, nós ainda vivemos em um modelo, inclusive de trabalho, que é muito pautado pela lógica masculina. “Não temos de nos sujeitar a esse tipo de liderança, a gente pode criar os nossos próprios caminhos”, afirmou.

Ana Paula complementa e diz que as mulheres são capazes e podem estar onde quiserem. “Temos que encarar um tanto de machismo para provarmos que somos capazes e competentes”, diz.

Líderes autênticas

Juliana Martinelli assumiu em abril de 2020, no auge da pandemia, o desafio de tornar-se CEO do escritório Martinelli Advogados, que conta com 60,5% de colaboradoras do sexo feminino.

De acordo com a advogada, os desafios de ser uma mulher em posição de liderança vêm de várias naturezas, tanto pessoais quanto profissionais.

“A posição de liderança requer um comprometimento e até um dispêndio de tempo e de energia que torna tudo mais desafiador.”

Para Juliana, do ponto de vista profissional, a liderança ainda é um papel muito atribuído aos homens.

“Um desafio importante é a própria mulher se enxergar como líder de forma autêntica, não tentar ser um homem e sim explorar o que ela, como mulher, tem de bom e de único e que pode agregar muito em uma liderança: a empatia, a adaptabilidade, a resolução de conflitos, essas soft skills que são tão importantes para um líder.”

Ela deixa, ainda, um recado para as outras mulheres: “acreditem em vocês e tenham a confiança de que vocês podem e devem buscar posições cada vez mais altas”.

Feminilidade como vantagem

Gabriela Sallit é sócia-fundadora da banca Sallit Magalhães – Sociedade de Advogadas, um escritório só de mulheres e que atende prioritariamente pessoas do sexo feminino.

Segundo Sallit, é muito importante que as jovens advogadas conheçam líderes mulheres.

“Trabalhar com gestoras, sócias e gerentes mulheres, que entendem a sua feminilidade como uma vantagem competitiva, é algo muito desejável, até porque permite o espelhamento.”

A profissional diz também que as mulheres tendem a instituir gestões mais horizontais, e com isso elas são formadas de líderes.

Gabriela cita, ainda, a recente decisão da OAB que instituiu a paridade de gênero. De acordo com a advogada, foi uma aprovação “importantíssima e uma reparação histórica”.

“Além de carregar todos os desafios que as mulheres enfrentam no dia a dia, nós [mulheres em posição de liderança] ainda temos que provar que as nossas características pessoais são adequadas e vantajosas ao ambiente corporativo.”

Sallit acredita que as mulheres são mais flexíveis, resilientes e capazes de criar um ambiente de cooperação, o que é, segundo ela, é fundamental para os escritórios e para os clientes.

Vida pessoal x Vida profissional

Na opinião de Larissa Fortes de Almeida, sócia do escritório Andrade Maia Advogados, a principal dificuldade de assumir um cargo de liderança é a conciliação da vida pessoal com as escolhas profissionais.

No escritório em que ela trabalha, 59% dos cargos de liderança são ocupados por mulheres – 53% do quadro societário e 75% da gestão administrativa. Para a advogada, em um mercado dominado pelo sexo masculino, este fato é de muito orgulho e vanguarda.

De acordo com Larissa, sua função atual representa o atingimento de uma meta de carreira jurídica que antes era restrita ao universo masculino.

Ela aproveita para deixar uma mensagem de otimismo para outras advogadas: “É cansativo, é desgastante, mas é possível. Não desistam do sonho de vocês e vamos cada vez mais ocupar mais espaços na nossa sociedade”.

Ser sempre mais

Atuante na área do Direito há mais de 30 anos, Zoe Molina, sócia-fundadora do escritório Molina & Reis Sociedade de Advogados, acredita que a mulher deve, sim, se colocar em um pedestal e lutar pela sua liberdade, autonomia e liderança.

Para Zoe, a mulher tem que ser sempre mais: mais especializada, mais inteligente, mais atuada e mais antenada. “Temos que estar sempre nos postando como fortes e quebrando barreiras”, diz.

Não desista

A advogada criminal Maíra Fernandes pondera que a advocacia já tem os seus desafios, mas que para as mulheres há ainda uma dificuldade adicional.

“Nós temos que demonstrar permanentemente a nossa competência, num grau de exigência que me parece um pouco maior do que os homens.”

Segundo Maíra, ainda assim isso não é motivo para desistir. Ela deixa uma mensagem de incentivo:

“Não há proibição de ocupação de espaços. Nós podemos ser o que quisermos e ocuparmos todos os espaços que desejarmos.”

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