A Conferência do Clima da ONU de 2025 (COP30), que será realizada em Belém do Pará, promete redefinir o papel do setor privado na transição para uma economia de baixo carbono. Pela primeira vez sediada na Amazônia, a conferência deve combinar simbolismo político e protagonismo empresarial, já que o governo brasileiro vem convocando empresas a integrar a chamada “Agenda de Ação”, um grande mutirão global para acelerar a implementação das metas do Acordo de Paris.
Os setores mais impactados devem ser justamente aqueles no centro da discussão climática:
- Energia: devido à pressão da transição para fontes renováveis;
- Agropecuária: cujo desafio é reduzir emissões associadas ao desmatamento e pela oportunidade de liderar soluções de agricultura sustentável;
- Indústria: devido à sua alta pegada de carbono;
- Transporte: diante da necessidade de avançar em combustíveis limpos e eficiência logística.
Mais do que uma negociação diplomática, a COP30 funcionará como propulsora de novos negócios e um marco para o setor privado.
No setor energético, companhias ligadas a fontes renováveis (como solar, eólica e hidrogênio verde) devem se beneficiar da corrida global por soluções de descarbonização. O Brasil, com uma matriz elétrica relativamente limpa e vasto potencial em bioenergia, pode consolidar-se como polo estratégico. Há, ainda, espaço para empresas de infraestrutura e tecnologia que ofereçam soluções em transporte limpo, logística sustentável e monitoramento digital de emissões e biodiversidade.
Para agroindústrias e produtores, o encontro representa uma ampla gama de possibilidades de expansão e inovação. O mercado de carbono é um dos temas centrais, com expectativa de avanços em regras de integridade e governança que podem valorizar créditos de alta qualidade, especialmente aqueles oriundos de reflorestamento, conservação e agricultura de baixo impacto. Produtores rurais que investirem em práticas regenerativas, rastreabilidade e redução de desmatamento estarão mais bem posicionados para acessar financiamento verde e conquistar mercados mais exigentes.
Principais desafios para os setores
A COP30 tende a pressionar setores intensivos em emissões, como siderurgia, mineração, cimento e transporte, que podem enfrentar custos adicionais caso avancem medidas regulatórias sobre redução de carbono ou barreiras comerciais ligadas ao clima. Empresas que não acompanharem a crescente demanda por transparência em metas e inventários de emissões correm riscos de reputação e até de exclusão de cadeias globais de fornecimento.
Pontos de atenção para o setor privado incluem o fortalecimento dos planos de transição corporativos com metas claras até 2030; verificação da qualidade dos créditos de carbono adquiridos; estruturação de projetos ambientalmente consistentes e financeiramente viáveis capazes de atrair recursos internacionais; além da preparação de narrativas sólidas sobre adaptação climática e gestão de riscos físicos.
A conferência também é espaço de articulação e anúncio de compromissos: empresas podem participar como observadoras credenciadas junto à ONU, integrar pavilhões temáticos, marcar presença em espaços paralelos ou se engajar em rodadas de negócios organizadas por câmaras de comércio e associações setoriais. Além disso, a COP30 será acompanhada por uma série de eventos paralelos e digitais, ampliando as possibilidades de engajamento.
Empresas que se prepararem desde já terão não apenas a chance de alinhar os negócios às exigências da economia de baixo carbono, mas de assumir um papel de liderança em uma nova etapa do desenvolvimento sustentável global.
Alessandra Hasegawa e Isabela Bernardes, advogadas do núcleo Ambiental do Martinelli Advogados.
Fonte: O Norte de Minas | Publicado em 23/9/25 | Clique aqui e veja a publicação original.

